sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Prevenção


Deficiência em Estatina e os novos parâmetros para medição do Colesterol


Existe uma estatística que traz que as medicações para colesterol estão entre as drogas mais vendidas no mundo atualmente, e que um em cada quatro americanos acima dos 45 anos é o que mais consomem essa medicação. Esse número tende a aumentar de acordo com as orientações apoiadas pela American Heart Association e pelo American College of Cardiology. Anteriormente, os parâmetros que mediam a necessidade da utilização destas medicações eram baseados nos níveis de colesterol, e agora, passa a ser baseado nos fatores de risco de doença cardíaca. Porém, esses parâmetros estão apoiados em avaliações controversas e sem precisão, o que faz com que haja um aumento desnecessário do consumo de medicações. Fatores de risco que sugerem o uso de estatinas Seguindo as novas diretrizes, devemos focar em um estilo de vida saudável se quisermos garantir a saúde do nosso coração. O problema, é que através do questionário sugerido, fica subjetivamente indicado o uso de estatinas para quase todas as pessoas acima dos 45 anos, mesmo que não hajam fatores de riscos mensurados em exames. Veja as quatro perguntas que determinam a necessidade do uso de estatina e onde estão as suas falhas:

1 – Você tem doença cardíaca?

Apesar desse critério ser válido para homens idosos, ele não funciona para as mulheres. Não há estudo mostrando os benefícios das estatinas na diminuição de riscos em mulheres. Segundo o doutor Sthepen Sinatra, só as mulheres com doença coronariana avançada devem usar estatinas quando as intervenções no estilo de vida não mais surtirem efeito; e nesta categoria, somente 1% das mulheres se encaixam.

2 – Você tem diabetes?

Prescrever uma medicação que causa diabetes para alguém que já é diabético é algo meio sem sentido. Isso só vai fazer piorar a situação. É sabido que estatinas podem aumentar a calcificação arterial em homens diabéticos e, além disso, elas podem causar cataratas que por si só já é um problema nos diabéticos.

3 – Você tem LDL colesterol acima de 190?

Essa pergunta só é apropriada se você tem hipercolesterolemia familiar genética, pois não responde a terapias normais de redução de colesterol como alimentação e exercício. Esta condição é rara, afetando uma a cada 500 pessoas.

4 – O seu risco de infarto nos próximos 10 anos são maiores que 7,5%?

Usar esse critério arbitrário para o tratamento com estatinas é uma questão que coloca todo mundo com possibilidade de risco. Existe uma grande complexidade dos fatores de risco estimados em idade, sexo, pressão arterial, tabagismo e outros critérios que também devem ser avaliados. O doutor Steven Nissen, cardiologista da Clínica Cleveland, reportou ao New York Times, que com esse sistema de cálculo todo indivíduo saudável vai precisar de tratamento com estatina. De acordo com o doutor Sinatra, “o uso de estatina como preventivo não tem sentido, pois não há estudos que comprovem o aumento da longevidade mesmo em pessoas com doença cardiovascular”. Além dos muitos efeitos colaterais provocados por esta medicação, não se deve tratar os indivíduos baseados em parâmetros, números ou mitos e dogmas sem comprovação. Na verdade, o uso de estatinas como medicina preventiva, como protetor do coração, poder ter um efeito bastante desfavorável. Um estudo publicado no Journal Atherosclerosis mostrou que o uso de estatina está associado a 52% de aumento de prevalência e extensão de placas coronarianas calcificadas, quando comparado com indivíduos que não usaram a medicação. A calcificação das artérias coronariana é a marca de potencial letal da doença coronariana. Até na atividade física é observado uma neutralização dos benefícios do exercício com o uso destas medicações. E veja, a atividade física é uma das estratégias básicas na prevenção de doenças coronarianas.


Conflitos de interesse colocam em dúvida esses parâmetros

Logicamente que com os novos parâmetros de uso de uma medicação pode haver um aumento no número de prescrições, gerando muito mais retorno financeiro aos fabricantes. Os autores dessas diretrizes apresentam um conflito de interesses, pois estão fortemente vinculados aos fabricantes dessas medicações. Dos 16 membros que votaram nessas novas normas, 12 eram filiados a mais de 50 laboratórios de medicações, com isso muitas tinham um interesse a mais nessas mudanças. Pode ser que você esteja usando, ou tenha sido indicado a usar, essas medicações sem necessidade, e por isso volto a dizer que só 1% das pessoas realmente precisa das estatinas; são pessoas que possuem um histórico genético familiar de hipercolesterolemia e que são resistentes aos tratamentos com alimentação e exercício. Ao contrário do que a indústria farmacêutica afirma as estatinas não vão reduzir o seu risco de desenvolver uma doença cardíaca. Aliás, elas podem aumentar esse risco, especialmente se você estiver fazendo uso delas sem a associação com o Ubiquinol (CoQ10) para compensar a depleção desta enzima. Uma alimentação ruim com o consumo de muito açúcar e pouca atividade física, falta de exposição ao sol e uma boa estratégia antioxidante, podem aumentar e muito o seu risco de doença cardíaca. Se você está usando estatina e está preocupado com todos esses excessivos efeitos colaterais, procure um profissional de saúde que possa ajuda-lo a melhorar a sua saúde naturalmente, sem o uso destas medicações.

Dr. Wilson Rondó, é Cirurgião Vascular, tendo trabalhado como residente na Clinique Du Mail La Rochelle, na França. Possui vários artigos publicados em revistas médicas, além de livros com temas relacionados a nutrição, medicina preventiva e esportiva.

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